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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Controladamente

Ulisses zombando de Polifemo
Joseph Mallord William Turner, 1829
National Gallery, London
Aperto-a contra mim.
Beijo-a.
O que sinto é o que penso.
Nuvem de racionalizações que me cerca.
E impede de sentir-me e sentir os outros.
Não sei o que quero.
Porque não chego até mim.
O sentido da vida está na mente.
E ela mente ao meu coração.
Se alguém me olha profundamente,
Controlo.

Espectador do mundo,
Faço e desfaço aquilo que observo.
Tenho o poder de fazer o que quero.
E querer o que?
A cada dia uma vontade nova.
Eternamente insatisfeita.
Controlo.

Alguém se aproxima e eu vou em sua direção,
Me afasto.
Como um dia Narciso afastou Eco de si.
Admirando somente a própria imagem.
Não deixou que outrem o tocasse.
E chegasse mais perto do que ele realmente era.
Medo que alguém descubra quem sou.
Medo de me firmar como alguém que é.
Escapo.

E assim permaneço,
Evadido de mim mesmo.
Controle da mente.
[esse é antigo, escrito para alguém muito especial em minha vida.]

31/08/2006.