quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Apaixone-se






















"Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos"

"Minha casa escondia um tesouro no fundo do coração"

"O que tanto me comove nesse príncipe adormecido é sua fidelidade a uma flor; é a imagem de uma rosa que brilha nele como a chama de uma lâmpada, mesmo quando dorme..."

"A gente só conhece bem as coisas que cativou!"

"Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante".

(Saint-Exupéry).

Quando a gente está se relacionando com alguém, logo quer que a pessoa faça parte de nosso planeta. Seja nosso súdito, admirador, testemunhe nossas culpas, afaste-se às vezes para que possamos resolver nossos problemas sérios, solucione um de nossos conflitos sem solução, explore o mundo por nós (para q possamos contabilizá-lo), sinta-se só como num deserto.

A relação é buscada com aquilo que queremos ver. Quem  a pessoa realmente é? o que é procurado pode ser encontrado? Ou será que forçamos nossa vista para encontrar? Ou forçamos a pessoa a ser do jeito que queremos...

No planeta dos homens-criança, cativar é olhar à distância e ir se aproximando devagar, cuidando, valorizando pelo que se é. Não aquilo que se diz ser. Os olhos mentem, o que se prega aos olhos também. É preciso descobrir aos poucos. Dar espaço para as descobertas. Apaixonar-se por flores! Apaixonar-se por um sorriso. Amar um vicio. Conhecer o jeito que uma pessoa segura a sua xícara de café... como gosta de seus ovos...

Cativar é também estar presente, junto a alguém. É enxergar as paixões daquele serzinho!!! É ver por um momento as lindezas do mundo que ele vê!

Ser cativado é permitir-se tudo isso!! É abrir o coração, tirar a redoma de vidro. É poder se machucar...

Se saiu na chuva, dance!

Apaixone-se.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Realidade do shopping

Como um quadro
bonecos de cera
Ausentes da realidade
a falar
O mundo acontece em pedaços
Pedaço vivido
Pedaço sonhado
A fatia do bolo de chocolate
e o de fubá com goiabada.

A falsidade de um sorriso para agradar.
Mentira, para vender.
Um mágico "boa tarde"
Simpatia planejada em detalhes.
Vestidos para quê?
Eles compram
recompram.

Retratos de pessoas
Tratados em photoshop
Maquiagem de travesti
Qual é a verdade?
O jeito de morder uma coxinha
e de segurá-la...
Quem come tudo com as pontas dos dedos
e tão vagarosamente?
"Não esqueça de limpar,
o canto esquerdo do lábio
com guardanapo branco".

O que foi que nos ensinaram?
Regras de sorrir?
De existir para agradar?
Como prender um grampo
para que ele fique invisível?
Camisa xadrez
combina com bermuda ou calça?
A realidade é tão real
quanto o faz-de-conta.
São todos príncipes e princesas
de coração duro
camuflados em vestes da realeza.

Quem teria coragem
de rasgar suas próprias roupas?
Quem faria o favor
de se vestir em capa de pele?
Quem sairia
a passear por um shopping
onde a mercadoria de troca é...
Mercadoria?
... a passear por um shopping
onde...
Existimos!
Apenas somos.
Desnudados.
Revestidos de nós mesmos.
Roupagem em pêlo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um vaga-lume sobre a cerca na chuva.


do filme 'Diário de uma Paixão'

O menino apagou as luzes.
enquanto ela brincava de ser adulta do lado de lá.
Havia uma cerca entre eles, de tempo, de chuva, era vento e água que cobririam o mundo todo.
E inda sim eles se beijavam, se tocavam.
A criança e a adulta.
Porque ele lembrava ela como era bom brincar aqui dentro.
E ela lembrava ele dos chamados do mundo de fora.
a vida existia sobre a cerca. ele nela e ela nele viravam um só.
era tempestade cheia de raios na certa!
Dois adolescentes que se encontravam no entre-caminhos da vida.
e sonhavam. molhados.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

. ; :

ponto ponto e vírgula dois pontos história entre pontos de um ponto a outro quantas letras que já nem cabem nesse vazio ficar nada é melhor que se tivessem palavras que não falam e não contam O que existe entre um ponto e outro é o espaço tempo criado por cada um de nós. Dois pontos não podem ser começo nem fim são continuação o novo vindo do velho O mais presente dos presentes.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

inventar inventar inventar até EXventar


"eu habitante do vento
eu vento de vento
vento exvento

eu voz batida batida
batida

Tortes Tortes
não deixes o escuro das pedras

Tortes
funde o queixo no tempo

Tortes
Vento Vento Vento"

Ferreira Gullar

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Olhar o caminho... e AGIR!

Toulouse-Lautrec, La toilette.

sábado, 24 de outubro de 2009

CONVIVÊNCIA



"Vazio agudo
Ando meio
Cheio de tudo."

P.L.

Convivência. As pessoas cansam umas das outras. Não suportam os piores defeitos. engraçado... Quem disse que eu gosto dos meus defeitos??? Acho péssimo quando me enfio em uma casca grossa de ermitão... quando me sinto tão mal que só vestindo algo bem duro para me proteger... E fico assim, dura. Sem querer contato com ninguém. Não encoste que leva porrada!! É uma merda! Mas, por enquanto, ainda é assim...

E ainda ouço "Acho complicado isso que você faz". Também acho, também acho! Mas passa! É um momento, ele passa... até eu saber lidar com ele....

Muito difícil aceitá-lo? Porque sim, ele vai acontecer... Pelo menos por enquanto. E sei que muita gente se afasta ou vai embora mesmo pra nunca mais voltar justamente por isso... E eu também preciso lidar com essa não aceitação do outro...

Convivência é mesmo muito difícil. Somos um bando de porcos-espinhos.
Vou ficar aqui na conchinha por um tempo. Depois eu volto...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Urgência + (In)Visibilidade

Cidade(zinha) do interior de São Paulo. Chego na conveniência do posto de gasolina.

- Eu mesma posso pegar o café? (com sono... sem olhar nos olhos da atendente).
- Não, deixa que eu te sirvo (mostrando seus lindos dentes entre os lábios!). Vou buscar o copo.
A moça "quebra as minhas pernas", me olha, e eu também olho em seus olhos, enxergo.
- Vou querer mais um, por favor.
- Hoje está todo mundo com bastante sono. Não sei que acontece! Veio uma moça de manhã e pediu também dois cafés pra ela!!!
- Ah (rindo), eu to bem lerda hoje, mas o outro é pro meu amigo!

E assim o papo continuou. Simpatias.

Café da tarde do mesmo dia, já em São Paulo, padaria.
- Oi! (aos sorrisos).
- São 3,60. dinheiro ou cartão?

Conversas de café... Eita metrópole!! Onde ela esquece o ser humano? Como ver? Como se fazer visto através do vidro?


Escondido na vassoura, na gravata, no palco, na cadeira giratória, atrás do balcão ou do computador... O homem acha que é o seu emprego! Que é este que garante a sua visibilidade, que o torna útil para a humanidade.
É, útil ele é! SERVE PARA limpar, divertir, planejar, atender, vender, servir...
Sua humanidade DEVE ser ignorada e desprezada! A pequena parte que precisa permanecer intocada, invisível: seus pensamentos, suas emoções, suas crenças, suas atitudes.
Para que falar sobre a vida com os colegas de trabalho se podemos falar de futebol ou do último homem que amamos? Papinhos... Diz-se que diz-se. "A vida real é que nem na novela!". Tão lindo opinar sobre  tal ou qual personagem... E sobre a própria vida? Alguém tem consciência??

Continuamos perguntando "o ESSENCIAL" ao conhecer alguém: O que gosta de fazer para se sentir feliz (diria: a natureza é linda... amo percebê-la, adimirá-la)? O que lê (já me contaram!! Alimentos para a alma)? Quem é o seu cantor preferido (quem me conhece, sabe!!)? De que cheiro você mais gosta (alguns lembrariam daquele bolo de cenoura com cobertura de chocolate da vovó... outros do cheiro da chuva trazido pelo vento antes dela começar)? Em que lugar do mundo (ou fora dele!!) se sente mais confortável (alguns... mas tenho o meu esconderijo secreto, meu paraíso, pra onde flutuo sempre que posso!)? Me conte algo gostoso de saborear... (hummmmmmmmmm).

Claro, vivemos de conversas essenciais para se conhecer alguém...
Alguém já viveu uma desta?
- Essa aqui é a Larissa, minha amiga.
- Oi, Larissa, prazer. O que você faz?
- (...)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

...morte de elefantes...

 http://www.youtube.com/watch?v=Oi3o7TuDr3w&feature=player_embedded#

Elefantinhos vertem um liquido vermelho por suas trombas... 
eles estão morrendo... 
juntos... desgastados, 
deixam-se sofrer a dor... 
deitam-se sobre cobertores e sangram... 
enquanto o menino chora... 

o elefante rosa renasce em outro mundo, 
mais claro, mais vivo... 
ouve a natureza, mas ainda não sente o seu cheiro... 
tem medo de ouvir demais... 
cala-se, sem voz...
disse muito, palavras ao vento... 
recupera-se, e, no novo caminho, muda de direção

... revive suas feridas... 
aprende com aquilo que se desmancha... 
com a carne cortada....
servida em banquete para cegos famintos..
.aprende com cada pedaço...
a ler o que não está escrito...
a intuir. 

Acende a vela...
segue a chama... 
vive a essência de seu novo mundo...
tira a capa de invisibilidade...
aos poucos, 
gosta da delicadeza do olhar passando por sua pele, 
pousando de leve em seus carinhosos olhos...
move-se redondo. 

Anda sem se preocupar com o caminho, 
vendo apenas a luz do horizonte. 
Caminha em seu próprio trilho. 
Pegadas...
leveza no peso do elefante.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

feito crianças...


Apenas sorrisos aos meus amigos,
às vezes um silêncio,
às vezes uma conversa.
um "odeio você" que se diz dando risada. crianças brincando. se pegando.Inesquecível.
Intimidade que se tem no corpo, no olhar, nos cheiros...rs

Um grande beijo para Iaiá!

domingo, 13 de setembro de 2009

Amigos


ARTE DO CHÁ

ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo

Leminski


.[Vieram-me lágrimas nos olhos ao ler esse poema].

.[Às vezes o silêncio diz muito].

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Vergonha


A dança

Ela dança em mim
no momento exato,
no segundo preciso
do constrangimento.

Incomoda
Ver alguém sem nada a dizer
Sem saber o que fazer
quando atrai olhos e ouvidos a si.

Ah, se
Neste instante
o corpo é quem fala
O feitiço muda de direção

Vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha da vergonha...

Necessário:
http://www.youtube.com/watch?v=C570byQCLpI

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O amor dos outros


Pela primeira vez, fiquei feliz ao ler o amor deles. É bonito, singelo, delicado, verdadeiro.
Visto em pequenos detalhes, grandes palavras.
Gostoso olhar que um amor assim existe.
Gostoso abrir uma janela e me deparar com uma poesia encantada de duas pessoas.
Feito duas crianças, são inteiros um com o outro. Sem pudores, dias cheios de brincadeiras.
Ele agrada, ela sorri por saber que ele fez isso para ela.
E os dois se beijam, apaixonados, e já cheios de saudade pela despedida.

Ver um amor tão bonito. E guardar à distância sentimentos que afloram.

domingo, 23 de agosto de 2009

VÔO


Voa, Voa... Foge!


Passarinho assustado: bate as asas.

Corre do ninho.

Encaminha-se para outro lado.

Sente, arrepiado, o contato do ar.

Penas flutuam,

Na congelada camada entre o corpo e o vento.

O susto o encarcera

Dentro de si

Voa solitário ao longe.

Sentir assusta, afoba, afoga.

Desaninhado procura a si

Ruma à imensidão.

Flutuar? Isolante.


Sobe, Sobe... Cai!


Engrandecido,

Na batalha dos sentimentos, perde suas forças.

Cambaleia no céu.

Sua sombra cresce na terra batida.

Aproxima-se.

E no instante da queda,

Uma pausa:

...........................................................................

Sobrevoa a flor,

Comunicação silenciosa, estanque.

Nova investida.

Bico nas alturas.

Arrisca um relance ao ninho.


Volta, Volta... Adiante!


Alonga suas possibilidades

No farfalhar das asas.

Rumo ao destino.

Sentido? O caminho.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

apoética

Edward Hopper - Morning Sun

Quero o fim de tempos tão sérios
De angústias mal resolvidas
Absorta em pensamentos

O mau uso das palavras

Falta poesia nessa cama.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

"quem ler vai ver com outros olhos e sentir coisas diferentes"


Acreditando nessas palavras de um novo e bom amigo que resolvi postar um dos antigos. Reli com outros olhos.

Clamores de um ínterim de infância
Raiva
Que me consome
... me aquece.

Esvaio-me nessa atmosfera vermelha,
Preta, espinhosa.
Calor difundido por todo o meu ser.

Está em mim,
Somente em mim posso irradiar.
Malditos lagartos que sobem pelo meu corpo e destituem minha morada.

Sonho de felicidade?
Quê?
Pra que sonhar?
Se meus desejos não são meus.
E meus carinhos não são seus.
O que tenho para mim?
Ira ludibriosa
Que delata essa disforme alma.

Pêssego sem cor.
Perfume sem sabor.
Óleo que não povoa.
Fluir de um líquido espesso,
Sem passagem, sem saída.
Presa em mim
Em uma construção que já(não)mais me pertence.
Aquém do que posso ser.

Carapaça fumegante.
O Nada.
......................
Coração vazado.
..........
E apenas esta brasa me transpassa.
Deixando fendas nessa tenda descampada.
Momento de prazer de meu desprazer.

domingo, 12 de julho de 2009

Menin (o/a)

Foi lendo o blog de minha amiga http://dateoriaapratica.blogspot.com/ sobre uma matéria de pais suecos que ainda não revelaram a seu(sua) filho(a) de dois anos e meio a respeito de seu sexo, que tive um choque!!

Citando a matéria:
“Queremos que Pop cresça com maior liberdade e que não seja forçado a um gênero que o/a moldará”, disse a mãe. Pop (um nome fictício para proteção da criança) usa vestidos e também calças masculinas e seu cabelo muda do estilo feminino para o masculino a cada manhã.

Vejam com seus próprios olhos em: http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2009/07/02/pais-nao-revelem-sexo-de-sua-crianca-de-dois-anos-e-meio/


Criança livre???????

É, precisamos rever nosso conceito de liberdade! Será o mesmo da revolução francesa???

Para não me estender, acho uma puta covardia esses pais tomarem essa atitude. Se querem que o mundo seja assim, então comecem por eles mesmos!!! Será que o pai usa saia?? E a mãe, tem bigode? Porque se estão criticando convenções sociais....
Acredito que o gênero diz o que uma sociedade acredita, e depois que aprendemos algumas dessas convenções, escolhemos nossos caminhos dentro do que é ser homem e do que é ser mulher.
E o sexo é ainda outra coisa, diz a respeito dos órgãos com que nascemos. É algo físico. Mesmo quem nasce com genitália ambígua acaba por fazer uma escolha. Caraca, que ideinha foi essa desse casal???

É! Sem passado, seremos o quê?????

Um bando de chipes!

E viva o Matrix!!!

E o Laranja Mecânica!

terça-feira, 17 de março de 2009

Enchentes


Homens por todos os lados, anciões, carecas, espinhudos, mastigando, ouvindo um som, dormindo, vendendo amendoim, gritos de reclamação. Uma multidão irritada. Dependente do transporte público em dia de chuva. Uma catástrofe natural, alagamentos, inundações. Trânsito interrompido. Na estação de trem de São Caetano o dilúvio de pessoas. Abelhas inflamadas depois de tocarem em sua colmeia. Enxovalhavam o maquinista. Pelo vidro, vejo filas do lado de fora da estação. Como um quadro fresco de rostos pintados:retratos da cidade, do caos. Caras sem voz, sem corpo, sem meios... Todos extremamente juntos. Desunidos. O que podiam fazer além da paciente espera? Bater os pés? Caminhar? Telefonar aos familiares? Alguns promovem um levante: passam a caminhar nos trilhos "Vamos a pé até o Brás". Um senhor coça o cocoruto, um moço faz a ginástica do cansaço. Novas conversas se formam. Uns dormem, outros "ãh...". Sem espaço, sem respiro, sem trem! Como vamos para casa? Que tempestade foi essa? A seca poeira da cinza fumaça - permanência da queima da vida - como resultante a torrencial chuva para a qual a humanidade não está preparada. Esse mundo que nos orgulhamos tanto em destruir cotidianamente grita mais alto. Gritamos por dentro a espera de mais de 5 horas... e mais, e mais, e mais. Até quando?