terça-feira, 18 de novembro de 2008

Dançando...





Ahááááá!! E "quem acreditou no amor no sorriso e na flor, então tudo encontrou..."


Esse até eu queria ver!! Será no dia 25 próximo, às 20:00, no Teatro Municipal de Santo André, com Dança dos Orixás e Dança contemporânea (técnica contemporânea e técnica clássica). Afinal, todo processo tem que ter fim, mesmo o do Primeiro Ano da Escola Livre de Dança!!


Beijos a todos!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ai, essa jam de contato...


MOVIMENTO
"Arrastar, rastejar, languidez
Pálido cinza morto
Acorda, acorda, acorda!!!
Vive, sorri, olha!
A pele precisa de calor.
Decisões tomadas,
peito aberto
[silêncio].
Entrega.
Quando a vida toda pede uma atitude
A moleza e a fraqueza precisam desaparecer
O desabrochar das cores pede borboletas
líquido fluido.
Qual é a forma?
Presença."

O que adianta não se posicionar? Ficar em cima do muro, esperar que decidam, que digam como se faz, como se pensa, como se age... Assim, desaparece mesmo, vira pó em vida.
É preciso um ego para entrar em contato com o outro. Ou então, transforma-se tudo em uma coisa só: invasões, fugas... Sabendo quem sou, pode existir empatia. Sabendo quem és, não invade. Fique consigo. Fico comigo. Faço, aconteço, penso, sinto. EXISTO.

domingo, 31 de agosto de 2008

ESTANTE ALADA

Enfileiradas nas gavetas
O orgânico conto-cado.
Arritmada passada
Eterno retorno-ado.

Sonâmbulo empoleirado
Na anestesia velada
Dirigiu à ampulheta
Um movimento malogrado

Disse ao tempo que andasse
E permaneceu no espaço parado
Viva estátua atrasada
Por muitos desgostada.

Julgavam-no des-educado.
Estações não aproveitadas.
Embaraçado em suas asas.
Estanque, esgotado.

A velhice foi revelada,
Por suas penas esparramadas.
Nos cômodos, cantos, calçadas.
Em seu olhar paralisado.

Conquanto não tencionava o desagrado,
A muitos ele estimava.
Amortecido em sua morada:
A vida havia caducado.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Intensidade

"Deixa o olhar do mundo

Deixa que o olhar do mundo enfim devasse
Teu grande amor que é teu maior segredo!
Que terias perdido, se, mais cedo,
Todo o afeto que sentes se mostrasse?
Basta de enganos!
Mostra-me sem medo
Aos homens, afrontando-os face a face:
Quero que os homens todos, quando eu passe,
Invejosos, apontem-me com o dedo.
Olha: não posso mais!
Ando tão cheio
Deste amor, que minh'alma se consome
De te exaltar aos olhos do universo...
Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio:
E, fatigado de calar teu nome,
Quase o revelo no final de um verso. "

Olavo Bilac

Acabo de ler o romance "Noites Brancas" do Dostoiévski. Neste livro, um personagem sem nome se apaixona por uma garota que estava chorando. O narrador, personagem principal, comunica-se com os prédios e casas, e com tudo aquilo que permanece o mesmo, como que num pré-viver, e a moça vive atada a sua avó (concretamento mesmo), a espera de uma promessa feita por uma rapaz um ano atrás. Quando se conhecem, a moça pede que ele apenas não se apaixone por ela. E é óbvio que ele se apaixona!! E incessantemente repete o nome dela "Nastienka, Nastienka". Ele se define como um sonhador... Dostoiévski ridiculariza as histórias românticas e o próprio personagem que não tem nem nome, é "um tipo".

Fico pensando nessa exaltação toda que diz Olavo Bilac. O quão real pode ser isso?? E essa paixão de "noites brancas"??

Penso, enfim, no próprio apaixonar-se... Como penso...
Como é apaixonar-se por alguém? Ou apaixonar-se por algo? É tão fácil chegar na beira, olhar de cima do abismo... Mas é possíel lançar-se?? Olhar, encarar, ver, aproveitar, sentir, viver...

E ao mesmo tempo... será que existe mesmo a paixão? Ou ela é apenas um mundo de devaneios sentidos solitariamente por aquele que se diz romântico? Apenas um bando de emoções curtidas a quatro paredes?

Dizem que a paixão é extremamente intensa... Tão fácil contemplar a intensidade...
E sentir intensamente, alguém se atreve?? E compartilhar um sentimento... vivê-lo a dois, a três, a cinco????

Convido aqui aqueles que quiserem a contar os seus apaixonamentos, seja por pessoas, profissões, idéias...

Até breve.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

MENTIRA

Confusão... Quando uma pessoa em quem você confiava muito conta uma grande mentira, o que você faz?

Vamos começar com a mentira... O que é a mentira?
Vai dizer que nunca mentiu, Pinóquio?! Sempre deixamos algo de fora, toda vez que nos colocamos em palavras. Às vezes esquecemos o que um amigo disse, e tudo aquilo passa a ser reinventado. O que é a verdade de quando contamos uma história? Existem realmente os fatos? Ou apenas a construção que fazemos deles?

Será que a verdade em uma conversa é a expressão da opinião? Dizemos realmente o que pensamos quando nos perguntam? Acredito que essa verdade não existe em essência, já que é construída à medida que falamos (ou que não falamos).

Mas, então, como podemos chamar aquilo que foi deliberadamente inventado pelo outro?? Aquela história que foi aumentada? Aquele fato ocorrido entre duas pessoas (o, digamos, mentiroso, e mais um), mas que é contada de duas formas diferentes????? Mentira???

Em que ponto uma mentira fere?? O que gera no mentiroso, no difamado e também naquele que por segundos (dias, semanas ou anos) acreditou no conto??

Vamos começar pelo último (por quenão começar pelo começo?). Sabe uma coisa chamada confiança?? Ela não existe mais... Não é porque uma pessoa confia quea outra automaticamente tem que confiar... Uma mentira pode ser devastadora para um relacionamento. Muitas então... E o crente passa a desconfiar de tudo e todos... O que será que é verdade??

O difamado... Bom, esse tenta alertar aqueles que estão próximos do mentiroso! Perde completamente a confiança no tratante, e fica pensando em com opôde ser um dia tão próximo a uma pessoa assim... Por fim, faz a verdade do acontecimento vir à tona.

O mentiroso... Bom, esse precisa refletir sobre os seus ditos e atos. O que quer com essa mentira?? Por que roubar a verdade de alguém e fazer uma nova história?? Por que conta sempre vantagens em seus contos?? Ele mesmo parece querer criar uma nova realidade para si... Talvez se existissem fadas que pudessem reinventá-lo??!! Talvez não goste de si mesmo e de sua própria vida... E suas palavras sejam bem mais interessantes... É, aí ele consegue que todos se afastem, deixem de confiar, de cuidar, e se importar. O que alguém poderia querer com uma pessoa que é uma farsa???

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Contato

Como é que faz pra sair da ilha?
Cia 2 do Balé da Cidade de S. Paulo
Direção: Key Sawao e Ricardo Iazzetta
"Ocupar e estar geram transformações, transposições, conversas. Ou não. Não contar, não falar sobre, mas experimentar, experienciar. Ver o resultado disso. Tentativas de conversa: como surge uma conversa, a construção de um lugar onde possa haver uma conversa. Limite, zona, transformação. Uma imagem interna que preencha todo o espaço. Modos de sentir os limites físicos. Destacado ou misturado com o ambiente? O próprio pulsar já é um diálogo. "Ali acontece uma coisa extraordinária. Ali termina o mar" (Baricco): considerações sobre o limite. O que estamos chamando de zona de limite: onde as coisas têm maior potencial de transformação. "Como é que faz pra sair da ilha?" trata das possibilidades e tentativas de conversas a partir dessas questões e o limite da intenção de comunicar. O que chega? Quantas dimensões o corpo pode alcançar?"
Texto de Key Sawao e Ricardo Iazzeta


Esse blog ficou em gestação por 2 anos! E veio agora à tona com inúmeras mudanças que me permiti realizar. Na verdade, apenas tirei amarras diárias, fragmentos de culpa e cobrança que me perseguiam em todos os momentos. E que me faziam prisioneira em mim mesma, impossibilitada de criar... como se toda a potência estivesse sendo barrada.


Fui descobrindo aos poucos, como a personagem Loreley de Clarice Lispector em "Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres", o lindo prazer do contato, como morder um morango, escutar um raciocínio de uma criança de 5 anos, brincar de pega-pega com um grupinho de "grandes" crianças de 3 anos que gritam "Lero, lero, você não me pega", aquele momento em que a noite vem chegando e o céu se divide em vários tons de azul, passar uma hora em um café no centro da cidade papeando com uma amiga, enfim, descobrir a cada dia que o universo é cheio de surpresas e que cada ser humano é um universo!


Parecem conclusões sem fundamento, mas elas foram conquistadas depois de anos de brigas com a psicologia e estudos de filosofia. O que estou dizendo? É nisso que me baseio aqui? Não! Não é! O fundamento de todas essas escritas foram os aprendizados de cada relação pela qual passei e passo todos os dias. Isso inclui sim o contato com os livros, o diálogo com essas pessoas que refletiram tanto sobre pessoas. E inclui principalmente um modo de me relacionar. Modo que vem sendo aprimorado todos os dias.


Escrevo aqui para quebrar padrões. As palavras ganham finalmente um novo sentido: estão sendo publicadas, e poderão, certamente, ser discutidas. Elas adquirem existência - Sartreanamente falando - porque existir necessita de todo o contato. Não dá pra existir simplesmnte em papéis escritos jogados ao léo. Todas as escritas publicadas aqui ganharam corpo, ganharam voz.


E que todos possam liberta-se também para entrar em contato com o que existirá por aqui, sejam poemas, frases, críticas de manifestações artísticas, fotos, pinturas, crônicas, sugestões.


Estou acreditando nessa abertura ao contato. E você, desamarrou o cadarço ou está com um nó de marinheiro?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Controladamente

Ulisses zombando de Polifemo
Joseph Mallord William Turner, 1829
National Gallery, London
Aperto-a contra mim.
Beijo-a.
O que sinto é o que penso.
Nuvem de racionalizações que me cerca.
E impede de sentir-me e sentir os outros.
Não sei o que quero.
Porque não chego até mim.
O sentido da vida está na mente.
E ela mente ao meu coração.
Se alguém me olha profundamente,
Controlo.

Espectador do mundo,
Faço e desfaço aquilo que observo.
Tenho o poder de fazer o que quero.
E querer o que?
A cada dia uma vontade nova.
Eternamente insatisfeita.
Controlo.

Alguém se aproxima e eu vou em sua direção,
Me afasto.
Como um dia Narciso afastou Eco de si.
Admirando somente a própria imagem.
Não deixou que outrem o tocasse.
E chegasse mais perto do que ele realmente era.
Medo que alguém descubra quem sou.
Medo de me firmar como alguém que é.
Escapo.

E assim permaneço,
Evadido de mim mesmo.
Controle da mente.
[esse é antigo, escrito para alguém muito especial em minha vida.]

31/08/2006.

Escrever

Falar sobre um povo
Mostrando a minha cara
Pensamentos em palavras
publicados no papel.

Existir na leitura do outro:
o vai-e-vem do diálogo.
No caminho, o olhar faminto encontra a si.
A estrada é a partilha.

A chama de um suspiro brota na conversa.
Despertar do transe da solidão.
Vive quem escreve,
vive quem lê.

Estou entre as palavras e o legado.
Humanamente dizendo,
sou onde nasço no mundo.
Serei quando voarem nestas linhas.